No precipício de um iminente apocalipse, cientistas e intelectuais constroem uma cidade subterrânea, iniciando-se uma nova geração de pessoas a residir sob a terra, longe dos catástrofes. Depois de 200 anos, um dispositivo alertará os habitantes de como voltar ao subsolo. Mas as gerações se passam e a verdade (e o dispositivo) se perdem. Agora, com sua energia falhando e prestes a encarar a total escuridão, a cidade (e a humanidade) terão seus destinos nas mãos de dois curiosos adolescentes.
O que houve com “Cidade das Sombras” foi um caso no mínimo lastimável. Quando Tom Hanks adquiriu os direitos do projeto – que por sinal é baseado em um homônimo livro de Jeanne DuPrau, o primeiro de uma série – ele provavelmente não esperava o fracasso da fita que, de um orçamento de $55 milhões, não conseguiu recuperar nem metade em lucros internacionais. Após o fracasso nos cinemas gringos, o filme foi rebaixado e lançado diretamente em DVD no Brasil. Uma pena. “Cidade das Sombras” não tem ação de início ao fim ou a aventura mágica do sucesso da mesma produtora: “As Crônicas de Nárnia”, mas o filme tem idéias, criatividade e uma estética formidável. Qualidades o suficiente que o amparam a se transformar numa sessão ao menos recomendável e totalmente assistível. Mas o pequeno filme vai um pouco além. Dirigido por Gil Kenan (A Casa Monstro), que é cheio de visões e atributos técnicos interessantes, o filme pode não ter o desenvolvimento que esperaríamos, mas é difícil reclamar de um longa que parece bater nas notas certas mesmo quando tende a perder o fôlego.
Chegando aqui com uma tradução equivocada (o título original é “Cidade de Brasa”, ou “City of Ember” em inglês – que por sua vez tem significado simbólico já que a cidade do título é a esperança da humanidade, o lampejo de fogo em meio à escuridão) o filme tem qualidades dignas que o transformam em um digno escapismo, começando pelo seu visual cheio de detalhes e finalizando com seu desfecho singelo e mágico. Alias, o enredo é dos mais instigantes. Traçando um mundo pós-apocalíptico que sobrevive numa pequena vila subterrânea cuja fonte de energia está se esgotando, o filme joga idéias e conceitos para todos os lados, e vez ou outra ele se perde, cai em redundâncias e perde o ritmo. Mas o interesse que depositamos na história e, principalmente, nos personagens, nos carrega bem além das irregularidades da fita para um clímax que homenageia o clima nostálgico de longas dos anos 80 do gênero que sobreviviam por idéias e magia, e não efeitos caros. Além disso, o filme trata seus personagens com dignidade e desenvoltura, mesmo que não profundidade. Mas talvez aí seria ser muito exigente.
Na verdade, o sentimento de que “Cidade das Sombras” poderia ter sido melhor é inegável. Kenan fez um admirável trabalho em clima, artifícios narrativos interessantes e na estética geral do filme, que realmente encanta pela composição. Ainda assim, o longa demora um pouco para decolar e mais ainda para fisgar, vez ou outra se perdendo diante de seu visual intimidante. Dito isso, o humor também não funciona como deveria e alguns personagens poderiam ter sido mais bem desenvolvidos, como o próprio prefeito da cidade, que ganha um tratamento bastante divertido de Bill Murray (Agente 86). Apesar de ter importância à história, é do típo de personagem que, se dissecado ao extremo, poderia ter resultado naquelas alegorias ácidas e em um vilão bastante memorável. Murray é acompanhado pela participação bastante nula de Tim Robbins (Passando dos Limites), mas a presença ilustre da sempre competente Saoirse Ronan (Atos que Desafiam a Morte), uma talentosa atriz juvenil que não cessa em encantar.
No geral, “Cidade das Sombras” é um bom e admirável filme que, cheio de acertos, não merece ser reprovado pelos seus ocasionais tropeços narrativos. De estética deslumbrante e contando com elenco consistente, o filme mantém sua atenção mesmo quando o roteiro parece se tornar muito vago e desequilibrado. Mas é o seu desfecho tocante e poético que realmente lhe acompanha para fora da sessão. Bem intencionado, o filme faz um ode à inocência e entretem a audiência ao entregar uma aventura que coloca jovens salvando o mundo da escuridão. Além de um bom passatempo, com certeza sua atmosfera anos 80 cativará o jovem que existe nos adultos. Se a sessão da tarde fosse ambiciosa, “Cidade das Sombras” seria sua principal atração. Então delicie-se pelos cenários extravagantes, e se deixe levar pelo escapismo virtuoso que o filme pode vir a se tornar em detrimento de seus erros meramente esquecíveis.
City of Ember (2008)
Direção: Gil Kenan
Roteiro: Caroline Thompson, baseado em livro de Jeanne DuPrau
Elenco: Harry Treadaway, Saoirse Ronan, Tim Robbins, Bill Murray, Toby Jones, Lucinda Dryzek, Lorraine Hilton, Mary Kay Place, Martin Landau, Amy Quinn, Catherine Quinn
(Aventura, 95 minutos)
Disponibilidade | Já nas locadoras.
Hum, esse ainda n vi!
By: Mandy on Segunda-feira, Julho 13, 2009
at 1:22 pm
A estética desse filme é realmente brilhante!!!
By: Bruno Pongas on Segunda-feira, Julho 13, 2009
at 3:36 pm
Acho que o objetivo do filme é cumprido (que seria passar uma história com as típicas lições para os mais jovens), mas no geral acredito que tudo foi realizado de maneira burocrática, sem magia alguma. Por isso o resultado é esquecível para mim, ainda que seja visualmente interessante.
By: Vinícius P. on Segunda-feira, Julho 13, 2009
at 5:06 pm
Isso sim a gente pode chamar de fiasco comercial!
Quero ver por causa da Saoirse New-Winslet. :D
By: Bruno Soares on Segunda-feira, Julho 13, 2009
at 9:07 pm
Não tenho vontade de ver esse filme, mas não perderei a chance de conferi-lo quando ele passar na TV.
By: Kamila on Terça-feira, Julho 14, 2009
at 12:18 am
Wally, eu confesso que o fracasso da fita me deixou bem assustado. Não digo em relação de assisti-lo, mas por não esperar por ele. Pelo material de divulgação que já visualizei, a estética do filme parece ser impressionante. Eu verei em breve. Só espero que os baixos números nas bilheterias não tenham sido o suficiente para diminuir o interesse de produtores pelos serviços do Gil Kenan, ao qual acredito que teve uma boa estréia como cineasta com “A Casa Monstro”.
By: Alex Gonçalves on Terça-feira, Julho 14, 2009
at 2:44 am
Wally, saiu no Cine Resenhas o post sobre os seus filmes prediletos. Obrigado pela contribuição! ;-)
By: Alex Gonçalves on Terça-feira, Julho 14, 2009
at 12:20 pm
Puts! Não conhecia esse filme, o livro e muito menos sabia q Tom Hanks estava por trás disso!
By: Cassiano on Terça-feira, Julho 14, 2009
at 2:20 pm
A conferir, tenho esse filme pra ver em ksa, mas ainda ñ foi possível, acho q vou gostar!
Abs! Diego!
By: Dewonny on Terça-feira, Julho 14, 2009
at 7:02 pm
Pô, que falta de originalidade dos tradutores, deram o título de um tremendo “cult” para essa coisa!
Provavelmente pensaram que os brazucas achariam tratar-se de um filme sobre churrasco se mantivessem o original…
By: Gustavo H.R. on Quarta-feira, Julho 15, 2009
at 2:34 pm
Eis um filme que parece ser bom para passar o tempo. ;)
By: Mayara Bastos on Quarta-feira, Julho 15, 2009
at 4:14 pm
Arrumei ele p/ ver, depois te digo oq achei!
By: Mandy on Quinta-feira, Julho 16, 2009
at 4:02 am
Esse filme é de um estilo que me agrada, vou procurar conferi-lo.
ABRAÇOS
By: Brenno Bezerra on Sexta-feira, Julho 17, 2009
at 9:17 pm
Vi ele hoje! Eu gostei, mas é claro, ele tinha muito mais potêncial!!!!
By: Mandy on Sábado, Julho 18, 2009
at 7:56 pm
Parece ser mais um genérico de ficção científica, mas creio que vou assistí-lo, nem que seja pelo visual.
By: Lucas B. on Sábado, Julho 18, 2009
at 9:02 pm
Eu não vou vê-lo ao cinema de certeza. Parece-me um filme muito banal e no qual nao ha nada de novo.
Cumps.
Filipe Assis
CINEROAD – A Estrada do Cinema
By: Filipe Assis on Domingo, Julho 19, 2009
at 10:36 am
Apesar do bom elenco não tenho muito interesse neste filme por enquanto.
By: Pedro Henrique on Terça-feira, Julho 21, 2009
at 2:35 am
Achei que era do filme cult também. Tem dois nomes excelentes no elenco, mas confesso que não me chamou muito a atenção, não é meu estilo.
Abraços!
By: Marcus Vinícius on Quarta-feira, Julho 22, 2009
at 1:47 am
Faaaala Wally!!!
Passando pra dizer que voltei com o blog!! Eis o link: http://bitlloflleverything.blogspot.com/
Abração!
By: Kau Oliveira on Terça-feira, Julho 28, 2009
at 10:53 pm
Estamos de Volta!
By: Carranca on Quarta-feira, Julho 29, 2009
at 3:21 pm
Eu gistei muito do filme!
assisti no payperview!
a história é bem legal,e mesmo sem saber que tinha o livro eu pensei que parecia a história de um filme
Saiorse é uma ótima atriz!
xau
By: Rainha on Quarta-feira, Julho 29, 2009
at 5:02 pm
Wally, eis um filme que não tenho a mínima vontate de ver, mesmo com os diversos elogios aí em cima. Acho que eu não ia gostar, mas a gente acaba se surpreendendo com algumas coisas que vemos na tela, né? De qualquer forma, acho que não verei tão cedo. Um Abraço!
By: Rafael Moreira on Quarta-feira, Julho 29, 2009
at 10:04 pm
Me pareceu um tipo de filme que promete muito, tem uma história encantadora mas as pequenas falhas durante a execução fizeram com que ele perdesse a força. Ouvi muito falar de “Cidade das Sombras” – e de seu fracasso. Mas pelo que disse me deu alguma curiosidade em ver. Grande abraço!
By: Luiz Henrique Oliveira on Quinta-feira, Julho 30, 2009
at 7:24 pm
Ah! Mudei de endereço. Eu era “Tomates Virtuais”, agora sou “3 Parágrafos”. WordPress me pareceu melhor. Abraço!
By: Luiz Henrique Oliveira on Quinta-feira, Julho 30, 2009
at 7:29 pm
Estou de volta!
By: Carranca on Sexta-feira, Julho 31, 2009
at 11:23 am
Eu adorei o filme, fiquei com vontade de ver uma continuação, ele prende a antenção, a historia é muito criativa!
By: Marília on Sexta-feira, Outubro 2, 2009
at 8:44 pm
filme legal, mas erra em alguns aspectos, como o começo que é mal explicado, sem contar que no final ficou uma coisa meio sem noção
,eles sai pela correnteza sendo que ela vai pra baixo e conseguem sair mais no final eles descobrem o buraco que dá pra ver a cidade lá no fundo, como eles chegam tão alto assim?
Enfim fico muito mal explicado muitas coisas.
By: nino on Segunda-feira, Outubro 26, 2009
at 4:35 pm
a hisotoria do filme é muito mal contada.todos vivendo no subterraneo e la fora estava tudo perfeito. os barcos para fugirem de la dava pra umas 10 pessoas só. muito mal feito nao havia misterio algum na caixa .nem segredos. mas q perda de tempo
By: massau on Domingo, Abril 18, 2010
at 1:48 am