Publicado por: Wally | Domingo, Novembro 4, 2007

1408

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Iluminando o pânico

Após a morte de sua filha, o escritor Mike Enslin se torna um investigador paranormal, escrevendo sobre os vários horrores que cercam casas mal assombradas e locais fantasmagóricos. Enslin, porém, nunca realmente acreditou no seu trabalho, isto é, em fantasmas e espíritos. Quando surge o quarto 1408 do Hotel Dolphin, gerenciado por Gerald Olin, Mike decide se aventurar mais uma vez. No final das contas, acaba encontrando no quarto muito mais do que esperava.

Baseado em conto de Stephen King, era de se esperar que 1408 seria um show de horror, loucura e absurdos, o que não era de se esperar é o fato de que se revela o melhor filme baseado em história de King desde A Espera de Um Milgare, que foge um pouco da regra de horror para se dedicar ao paranormal. Desde este filme de 99, só tivemos um filme que realmente se saiu vitorioso no quesito diversão, e esse foi Janela Secreta, mas que, na verdade, funciona mais pela atuação memorável de Johnny Depp. Se a verdade for dita, as adaptações de King raramente agradam, e ainda menos são fiéis à obra original, desagradando profundamente o escritor. Com o filme 1408 eu senti e presenciei verdadeira atmosfera sinistra e horripilante, da qual somente dá para sentir lendo um livro de King. Não só isso, mas o habilidoso diretor Mikael Hafstrom resgata muito bem o psicológico de seu personagem e sua lenta, mas assustadora queda à loucura.

fort.jpgO visual é um triunfo a parte. A atmosfera foi cuidadosamente constrúida, fruto da direção de arte exemplar, da fotografia ótima e a edição fundamental. Hafstrom cria uma espaço claustrofóbico no quarto 1408, nos colocando nos sapatos de Mike Enslin, para podermos ver e sentir exatamente o mesmo que ele. Calafrios, imagens sinistras e pertubadoras, um ou outro susto fácil e jogos visuais competentes, além de tudo isso há um roteiro bem escrito, que trabalha muito bem a mente de Mike, e como ele lida com as ilusões pelas quais o quarto o faz sofrer. Em momentos é pura paranóia, mas mesmo que você saiba que o quarto nunca realmente ficou abaixo d’água, é óbvio o fato de que Mike não imagina tudo aquilo, como ele diz, existe algo maléfico ali e Hafstrom entrega densidade à esse fato, assombrando mais do que a audiência inicialmente esperava.

Apesar de Samuel L. Jackson aparecer muito pouco (o ator deve ter, no máximo, umas três cenas), fiquei muito contente com o elenco, já que John Cusack entrega uma relevância e uma face surpreendente ao seu personagem, o deixando incrívelmente mais humano, desequilibrado e vulnerável, principalmente quando se diz sua capacidade de encarar a morte súbita de sua filha, e o fato de que ainda não a deixou ir. Cusack deixa momentos muito mais tensos e angustiantes e parece, a todo momento, tocar nas notas certas. É um valor inestimável ao longa, que entrega não só presença, mas um ingrediente fundamental para o funcionamente da trama, e o prazer da audiência. Cusack ilumina o pânico e a loucura de seu personagem, o tornando muito interessante, refletindo bem o que Jack Nicholson fez com outro personagem de Stephen King, dessa vez no filme O Iluminado, mesmo que não de forma tão brilhante e intensa. Cusack entretem.

Como muito das histórias de King, a decepção chega com o final simplístico, previsível e nada recompensador. Em meio ao festival de horror do filme, cria-se certa ansiedade e um desejo por uma surpresa que vai deixar seus cabelos de pé. Isso, infelizmente, nunca chega a ocorrer. O desfecho, foi, infelizmente, uma grande falha. Após pesquisar, aprendi que o final foi modificado pelos produtores, afim de agradar mais a audiência. Pelo resultado, os produtores foram ao mesmo tempo ingênuos e infelizes, já que fizeram uma tola escolha e acabaram se saindo mal. Tive a oprtunidade de conferir o final alternativo (aquele que antes do filme ir para o cinema foi o final verdadeiro) e gostei muito mais. Não por ser surpreendente ou inesperado como eu queria, mas por entregar mais resultado e maior satisfação, fora o fato de conter um susto digno e extremamente memorável. Verei com certa curiosidade a versão do diretor ainda inédita. 1408 é um pedaço do cinema de terror mais que recomendado, já que nada apelativo e sempre contemplativo, deixa a audiência muitas vezes com ar de suspeita e banhada pela atmosfera sinistra proporcionada. É algo raro e por esse motivo, entre vários outros já mencionados, recomendo o filme mais que qualquer outro filme do gênero este ano, perdendo apenas para o filme coreano sobre um monstro, O Hospedeiro.

[1408, 2007] de Mikael Hafstrom. com John Cusack, Samuel L. Jackson, Mary McCormack, Tony Shalhoub e Jasmine Jessica Anthony. [Thriller, 104 minutos]

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Respostas

  1. Putz! Se é “menor” do que “O Hospedeiro”, vejo que não vou perder nada se não for nos cinemas ver “1408”. Brincadeiras à parte, o momento mais inspirado de adaptações das obras de Stephen King foi mesmo na década passada. Vamos ver se este novo filme de Mikael Hafstrom vingue a sua passagem por Hollywood (“Fora de Rumo” é muito ruim) e as adaptações do mestre.

  2. Não tive problemas com o desfecho de “1408” e gostei bastante do filme, que me causou medo e certa tremedeira nas pernas… :-)

    Acho que o trabalho feito pelo Mikael Hafstrom foi bom e a atuação do John Cusack muito boa.

  3. Putz…olhando teu post abaixo, vc tem mtoo tempo pra ver filme ou consegue driblar os deveres do dia a dia!????
    haihaiah
    eu realmente não consigo me organizar tão bem pra ver tantos filmes….
    mas tento!!!

    Falando do filme….
    eu agora quero ver o filme mesmo, é a segunda crítica que leio…não estava muito animado não viu!
    Bom texto…

    Espero encontrar no filme uma atmosfera e o “sinistro” que encontrei em Possuídos, pelo menos um pouco….
    Abraço!

  4. Acho q vou ver esse filme só pelo John Cusack. Stephen King não me agrada mto, apesar do trailer do THE MIST ser ótimo.

  5. Cara, eu gosto do filme. Menos do final. Pareceu fácil (e bobo). Mas vale pelo clima de medo – algo raro nas produções do gênero.

    Abs!

  6. Acho que esse filme vai meio ao estilo “ou você adora ou você odeia”. Tanta gente já me disse que não gostou do filme, e tanta gente já disse que curtiu! Sinceramente, não sei o que esperar..hehe
    Só indo ao cinema ver!

    Abs!!

  7. O 1408 foi um dos filmes que eu mais gostei,principalmente nos efeitos especiais.quem n gostou que se dane ,eu gostei,aprovo e recomendo !!!!!!!!!!!!

  8. […] mais nova adaptação do complexo Stephen King (1408), desta vez pelo sujeito que sempre o compreendeu, o visionário Frank Darabont (Um Sonho de […]

  9. o filme 1408 e´ otimo ele ensina a escutar as pessoas adultas


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